Infância x Obesidade: entenda a relação

Estudo sugere que experiências negativas da infância deixam sequelas emocionais

A obesidade é uma doença cada vez mais comum na sociedade, principalmente entre as mulheres. Um estudo desenvolvido pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), sugere que as experiências vividas por uma criança podem ter um impacto profundo em seu futuro, resultando em algum tipo de sequela física, moral, emocional ou mental.

Foi o que aconteceu com a jornalista L.C.V., de 46 anos, que, durante muito tempo lutou contra a compulsão alimentar. “Desde nova, sempre fui cobrada pela minha imagem. O meu irmão tinha que ser o mais inteligente e eu a mais bonita e magra”, relembra. Com apenas 15 anos desenvolveu transtornos alimentares como válvula de escape da cobrança profissional e familiar. “Trabalhei como modelo e depois como repórter de TV, sempre em exposição e tomando remédios fortes para me manter magra”, descreve.

Nos últimos anos, a jornalista enfrentou a depressão depois de abusar dos remédios. “Engordei 40 quilos em menos de dois anos. Parei de me medicar e, desde então, busco emagrecimento saudável. Passei por vários nutricionistas, testei várias dietas, altos e baixos, eu não confiava mais em mim”, lamenta.

Os traumas e acontecimentos da infância refletem na vida adulta, explica a nutricionista e psicanalista, especialista em emagrecimento feminino e desenvolvimento pessoal, Camila Ferraz. “Na infância, na verdade, até amadurecermos e sermos adultos, formamos quem nós somos, a personalidade, nosso modo de operar”, conceitua.

Ainda segundo a especialista, na primeira infância, são moldados os valores inegociáveis e uma boa parte da personalidade. Por isso, a rotina da criança em um lar muito violento, ou com relacionamentos disfuncionais, escassez, por exemplo, pode resultar em compulsões na vida adulta. “Uma pessoa que se reprime dentro desse cenário pode se tornar tímida. Por outro lado, a fuga do medo é o excesso de controle. Logo temos um adulto extremamente controlador em todas as áreas da vida, exceto com o que come”, descreve Camila. Nesse momento, segundo a especialista, a pessoa não consegue enxergar mais quem ela é, nem ter autoestima ou felicidade, afinal olha no espelho e vê uma pessoa que não gosta.

O fato de assumir responsabilidades desde muito cedo, também traz a necessidade de ser um pilar robusto. “O nosso corpo entende que para ser forte precisa ser grande. A mente transfere isso para a gordura, porque é a forma mais rápida que encontramos de nos tornarmos maiores. Conscientemente até entendemos que queremos emagrecer, no entanto, nosso inconsciente repete que precisamos ser fortes e ter excesso de peso. Então fica essa contradição”, define.

A virada de chave na vida emocional da jornalista veio com um tratamento que integrou corpo e mente. “Hoje eu confio na mudança. Não vai ser de uma hora pra outra, eu sei, afinal foram muitos anos de hábitos ruins e quilos que eu ganhei na balança. Tenho acompanhamento psiquiátrico também, sigo uma rotina, um plano alimentar, exercícios físicos e uma vida com menos estresse possível”, comemora.

A especialista esclarece que a mudança da jornalista começou com a decisão de parar de colocar curativo em ferida não tratada. “A moda é diagnosticar absolutamente tudo como ansiedade, que na verdade é uma grande capa que esconde outras raízes. É preciso acessar quais são as causas reais,  através do autoconhecimento, e ressignificar cada uma das situações, reescrevendo a história”, finaliza Camila.

Camila Ferraz é nutricionista e psicanalista especialista em emagrecimento feminino e desenvolvimento pessoal com formação em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo-SP, e especializações em Nutrição Funcional pela EAD-Plus, Emagrecimento e Nutrição Clínica, pelo Ganep, Fitoterapia Aplicada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP USP), e em Psicanálise e Psicossomática pelo Instituto Gaio, da sua experiência na área clínica, nasceu o projeto Desafio Cetox, que já impactou mais de 500 pacientes.

Através da psicanálise, a especialista vai além do que a imagem corporal oferece. Ela trabalha as escolhas alimentares das pacientes, interpretando e ressignificando as emoções, sejam elas conscientes ou não. Atualmente dedica-se integralmente ao atendimento nutricional clínico voltado para o público feminino, o que deu origem ao Método VIP, que tem como foco auxiliar mulheres a renascer com vitalidade, inteligência alimentar e poder pessoal de forma personalizada.

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