Sem disposição para treinar? A chave pode estar no seu intestino

Atire a primeira pedra quem nunca teve preguiça de malhar. Desculpas não faltam: cansaço, falta de tempo, academia longe demais. Mas o verdadeiro motivo, por trás de todas as desculpas, é a falta de disposição. Ela pode afetar não só a rotina de treinos, mas até tornar mais difícil manter hábitos saudáveis, principalmente para quem está começando. Mas o nutricionista funcional Diogo Cirico, responsável técnico pela Growth Supplements, explica que nem tudo está perdido. Certos alimentos e hábitos podem colaborar com aqueles que precisam descobrir os prazereis do exercício e também para aqueles que já adotaram treinamento físico na sua rotina mas precisam assegurar que para não perderão a vontade de seguir em frente com a sua mudança de vida. “O segredo está nos níveis de dopamina, um hormônio que funciona como combustível para que o nosso cérebro tenha motivação”, revela.

Pesquisa recente da Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos, evidenciou a influência da microbiota intestinal sobre o desempenho físico e disposição para treinar das pessoas. Segundo o estudo publicado em dezembro na revista Nature, algumas bactérias intestinais contribuem para que os níveis de dopamina pós exercício estejam aumentados.

Diogo Cirico, explica que essa pesquisa confirma o que já é constatado na prática há muitos anos: pessoas que não se alimentam bem e, portanto, não têm uma microbiota saudável, sentem menos disposição para treinar. “Indivíduos com redução no número e na variedade de micro-organismos presentes no trato gastrointestinal têm uma quantidade maior de uma enzima que degrada a dopamina. O hormônio faz parte do nosso sistema de recompensas para qualquer atividade, e é determinante para que a gente não perca a vontade de praticar exercícios”, observa.

Diogo diz que inúmeros fatores impactam a saúde do nosso intestino, até mesmo a forma como ocorre o parto/nascimento. “A microbiota é formada por um conjunto de micro-organismos vivos que possuem um código genético que determina como será a vida desse ser vivo. Tudo aquilo que nós fazemos interfere na microbiota. Quando você altera o padrão de vida, passa a se alimentar melhor, por exemplo, você altera conjuntos básicos de genes”, acrescenta.

Tudo está conectado
Por isso, diz o nutricionista, a forma como vivemos tem uma influência maior na nossa saúde do que as nossas heranças genéticas. “O estilo de vida determina a expressão dos genes. E é graças à expressão dos genes que nós podemos controlar a nossa vida, nossa saúde e a nossa forma física. Há quem nasça numa família de obesos e, por ter hábitos de vida saudáveis, não desenvolva a obesidade”, exemplifica.

Segundo ele, a idade, a dieta, a qualidade do sono e até o uso de medicamentos interferem na saúde do nosso intestino. “Quanto mais saudável for a dieta do indivíduo, mais saudável é o trato gastrointestinal. E uma dieta saudável não é complexa ou difícil de consumir, ela é baseada no consumo variado de vegetais como frutas, verduras, legumes; consumo adequado de água e evitar o consumo de açúcar, farináceos e álcool”, reforça.

Sem extremos
A essa altura você deve estar pensando em alguma forma de acelerar a sua produção de dopamina para ter mais vontade de treinar, mas o especialista explica que a chave é o equilíbrio. “Tanto a falta, quanto o excesso de dopamina podem gerar prejuízos muito grandes. Nós precisamos regular o nosso organismo para que a produção e a degradação da dopamina aconteçam naturalmente”, ensina.

A boa notícia é que não existe mistério para atingir esse equilíbrio: basta ter uma boa alimentação, praticar atividade física frequentemente, uma boa qualidade de sono e uma vida com menos estresse – essa é a parte mais difícil nos tempos atuais. “Tudo que é bom para o nosso corpo é conseguido através de hábitos de vida saudáveis e isso requer um pouco de trabalho. Mas funciona”, completa Diogo.


Dicas para regular a produção de dopamina
Tenha boas noites de sono
Beba bastante água diariamente
Pratique atividade física todos os dias
Reduza ao máximo o nível de estresse
Evite álcool, açúcar e alimentos ultraprocessados como biscoitos recheados, sorvetes, embutidos.
Coma verduras, frutas, legumes, grãos, carnes magras, peixes e aves (referência de padrão alimentar: Dieta do Mediterrâneo).

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