A Doença de Alzheimer é a demência neurodegenerativa de maior incidência entre os idosos do planeta. A enfermidade atinge, em algum grau, cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% daquelas com idade acima de 85 anos. Isso quer dizer que cerca de 35,6 milhões de pessoas sofrem com a doença no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Para lembrar sempre da necessidade de cuidados na prevenção e das pesquisas sobre o tema foi estabelecido o dia 21 de setembro como data mundial da Doença de Alzheimer.
Ainda sem cura, o Alzheimer tem na atividade física um dos seus principais aliados. Os exercícios físicos supervisionados são utilizados como uma forma de retardar e abrandar a perda das funções cerebrais. Uma das mais importantes pesquisas sobre o assunto, realizada pela American Psychological Associaton em 2019, mostrou que o hábito do exercício físico resulta em altos níveis de benefício para a saúde cerebral. Desde então, a recomendação da atividade física vem sendo parte do protocolo de tratamento do Alzheimer de diversos especialistas ao redor do mundo.
Diante desse cenário, o avanço das pesquisas científicas voltadas a retardar o desenvolvimento do Alzheimer passou a permitir não apenas que os afetados pela doença prolonguem seus tempos de vida, mas que o façam mantendo a autonomia em um bom grau de atividade.
Além dos estudos, prática diária endossa importância da atividade física no controle de doenças neurodegenerativas
Tão importante quanto o suporte dado pelos artigos acadêmicos é a constatação empírica do impacto positivo que a atividade física tem na vida das pessoas que são acometidas por doenças degenerativas.
Habituado a trabalhar com alunos nesta condição, o educador físico Bruno Silva, membro do corpo técnico da Smart Fit, afirma que o efeito de retardamento do desenvolvimento da doença citado nos artigos é visível e se dissemina a partir de diversas questões sensíveis no cotidiano destas pessoas. “Os trabalhos apontam para uma melhora na qualidade do sono, no controle da ansiedade, na sensação de agitação e até mesmo no apetite e nos hábitos alimentares do aluno”, afirma Silva.
Exercício físico leve e de longa duração é arma importante contra o desenvolvimento da Doença de Alzheimer
Neurologista do Hospital Albert Sabin, da capital paulista, Custodio Michailowsky Ribeiro explica que, embora não previna ou cure a doença de Alzheimer, o exercício físico é fundamental para retardar tanto seu aparecimento quanto seu desenvolvimento. “Essa efetividade da atividade física se comprova em diversas doenças neurodegenerativas. Ela ocorre porque a prática torna o circuito neuronal mais resistente ao avanço da doença e libera substâncias capazes de diminuir até mesmo a necessidade do uso de medicamentos à base de dopamina”, afirma Ribeiro.
O especialista indica exercícios de baixo impacto, como caminhada e natação, executados de maneira leve, com sessões de 40 a 90 minutos e por períodos longos para pessoas que já sejam portadoras da Doença de Alzheimer, sempre respeitando o condicionamento físico de cada um.
“É fundamental a avaliação individual de cada paciente por um profissional de saúde”, alerta Ribeiro. Segundo ele, as comorbidades que acompanham o Alzheimer são tão ou mais importantes que a doença neurodegenerativa na hora de se estabelecer um programa de treinos. “Antes de fazer alguma programação, o paciente deve fazer uma avaliação para monitorar possíveis comorbidades como doenças cardíacas, diabetes, obesidade, hipotiroidismo, além de pontos ligados à saúde dos ossos e à condição muscular”, concluiu o neurologista.
Misturando sua experiência prática com os apontamentos feitos pelo neurologista do Hospital Albert Sabin, o professor da Smart Fit Bruno Silva prescreveu um treino altamente adaptável à rotina de um paciente idoso, portador de doenças degenerativas como o Alzheimer. Confira:
Treino
– Caminhada de 10 minutos com velocidade de execução confortável;
– Sentar e levantar da cadeira (2 séries com 10 a 15 repetições e intervalo de 30 a 45 segundos);
– Flexão de braços em pé, com apoio da parede (2 séries com 10 a 15 repetições e intervalo de 30 a 45 segundos);
– Alongamento de tronco e MMIII, sentado com as pernas esticadas, tocando os pés (3 séries com 15 a 20 segundos em isometria e intervalo de 30 a 45 segundos);
– Alongamento de triceps MMSS, de pé, puxando cotovelos com os braços acima da cabeça (2 séries com 15 a 20 segundos em isometria e intervalo de 30 a 45 segundos);
– Alongamento de MMIII, de pé, joelho flexionado, puxando o pé (2 séries com 15 a 20 segundos em isometria e intervalo de 30 a 45 segundos).
– Subir e descer no STEP, simulando uma escada (2 séries de 5 minutos e intervalo de 30 a 45 segundos).
O vídeo da execução do treino pode ser baixado neste link.
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