Junho é o mês de conscientização do Lipedema, apesar de ser uma doença comum, muitas vezes ela é deixada em segundo plano. O lipedema foi descrito pela primeira vez como doença na clínica Mayo pelos cirurgiões vasculares Dr. Hines e Dr. Allen em 1940, ou seja, já se passaram 81 anos desde a primeira citação. Essa doença crônica afeta o tecido adiposo e linfático das pernas e, às vezes, dos braços, mas não dos pés ou mãos. No Brasil, a mesma doença foi descrita pelo Prof. Irany Novah Moraes como lipofilia membralis. É importante falar sobre o lipedema e conscientizar as pessoas sobre os sintomas e tratamentos disponíveis.
Estima-se que o lipedema atinja até 11% das mulheres, essa condição é caracterizada por uma diferença de tamanho entre tronco e membros, o que significa que muitas vezes há uma diferença significativa de medidas entre a parte de cima e de baixo do corpo. Apesar de ser um problema genético, com incidência familiar entre 16 a 45%, muitas vezes é confundido com uma questão de composição corporal familiar, o que faz com que as pessoas aceitem o problema como característica da família.
Além disso, o lipedema é frequentemente confundido com linfedema e obesidade, o que ressalta ainda mais a importância da conscientização sobre essa condição. O lipedema é também chamado de síndrome da gordura dolorosa, pois nódulos de gordura são sensíveis ao toque, e associado à fragilidade capilar, ou seja, frequentes roxos nas pernas.
O que é o lipedema?
O médico endocrinologista e nutrólogo, Dr. Ronan Araujo, destaca que lipedema é uma condição médica crônica que afeta principalmente mulheres e é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas pernas, coxas e quadris, geralmente de maneira simétrica. Embora seja uma condição relativamente comum, o lipedema ainda é pouco conhecido e muitas vezes é confundido com obesidade ou celulite. Ao contrário da obesidade, o lipedema é uma condição localizada e geralmente não afeta outras partes do corpo.
O que causa o lipedema?
A causa exata do lipedema ainda é desconhecida, mas acredita-se que possa estar relacionado a fatores hormonais e genéticos. Estudos mostram que o lipedema pode ser mais comum em mulheres com histórico familiar da condição.
O lipedema está frequentemente associado a desequilíbrios hormonais, especialmente durante as mudanças hormonais da puberdade, gravidez e menopausa. Alguns estudos sugerem que o lipedema pode estar relacionado a uma sensibilidade anormal aos hormônios femininos, como o estrogênio.
O lipedema também pode ser agravado por fatores como obesidade, sedentarismo e má circulação sanguínea.
Riscos associados ao lipedema
Embora o lipedema não seja uma condição que coloque a vida em risco, pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente. As áreas afetadas pelo lipedema geralmente têm uma aparência desproporcional em relação ao restante do corpo, com gordura excessiva e uma sensação de peso e desconforto. “Além disso, o lipedema pode causar dor, sensibilidade ao toque, inchaço e hematomas nas áreas afetadas e também pode levar a complicações graves, como linfedema, que ocorre quando o excesso de gordura comprime os vasos linfáticos e prejudica a drenagem linfática. O linfedema pode causar inchaço e dor nas pernas, além de aumentar o risco de infecções.” enfatiza o Dr. Ronan Araujo.
Diagnóstico e tratamento do lipedema
O diagnóstico do lipedema é geralmente baseado em exames físicos e histórico médico do paciente. Um médico especializado em doenças vasculares e linfáticas, como um angiologista ou cirurgião vascular, pode avaliar a condição do paciente, identificar possíveis complicações e indicar o tratamento mais adequado.
O tratamento do lipedema é multidisciplinar e envolve a colaboração de diferentes profissionais de saúde. O tratamento pode incluir acompanhamento de um médico endocrinologista para tratamento de controle hormonal, técnicas de drenagem linfática, uso de roupas de compressão, exercícios físicos, mudanças na dieta, medicamentos e cirurgia.
Tratamento hormonal para Lipedema
O tratamento de controle hormonal para o lipedema busca equilibrar os níveis hormonais do paciente, a fim de reduzir os sintomas da condição.
O controle hormonal ajuda a regularizar o sistema linfático e reduzir a inflamação causada pelo lipedema. Além disso, eles também podem ajudar a reduzir a retenção de líquidos e a gordura localizada, melhorando a aparência das pernas e dos braços afetados pela condição.
Mudanças na dieta
O médico Dr. Ronan Araujo comenta que, embora não haja uma dieta específica para o tratamento do lipedema, algumas mudanças na dieta podem ajudar a reduzir o inchaço e a inflamação nas áreas afetadas. É recomendado evitar alimentos processados, ricos em açúcar e gordura, e aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, proteínas e antioxidantes.
“É importante buscar um diagnóstico precoce e um tratamento adequado para prevenir complicações graves, como linfedema e infecções. Além disso, é importante lembrar que o lipedema não é uma condição causada por falta de exercícios ou dieta inadequada, e que a condição pode afetar pessoas de diferentes tamanhos e formas corporais.” Finaliza o Dr. Ronan Araujo.
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