Pense em açúcar. Agora, em algo muito doce. Naquele item do menu do seu restaurante favorito que você tem certeza de que vai se transformar em glicose assim que entrar no seu organismo.
A primeira imagem que surgiu na sua mente foi de pequenos grãos cristalizados? Na sequência, você visualizou um petit gateau? Talvez um suspiro, brigadeiro ou pão de mel?
Na contramão do que permeia o inconsciente coletivo, o açúcar se camufla de maneiras distintas na dieta ocidental. E isso vai além da presença – disfarçada em letras pequenas – na fórmula de alimentos industrializados.
Dos pratos clássicos da cozinha internacional ao banquete de fim de ano na casa da sua avó, grande parte das receitas salgadas também interferem diretamente nos níveis de glicose. Isso acontece porque cem por cento dos carboidratos vira açúcar.
Massas, pães, biscoitos, arroz e até os cereais ingeridos durante as refeições são rapidamente convertidos em glicose. Aí, a reação imediata do organismo é acionar o pâncreas, que aumenta a produção de insulina. O hormônio assume a responsabilidade de metabolizar e transformar o açúcar em energia.
Do cérebro ao intestino
O consumo excessivo de açúcares afeta o corpo inteiro, da performance mental à microbiota do intestino.
No cérebro, os reflexos estão na aprendizagem e na memória. Isso porque a resistência à insulina, desencadeada pela sobrecarga no pâncreas, prejudica a comunicação entre as células cerebrais.
Um estudo *(B) desenvolvido pela Universidade da Califórnia revelou que consumir muita frutose bloqueia a capacidade da insulina de regular como as células usam e armazenam o açúcar para a energia necessária no processamento de pensamentos e emoções.
Já no sistema digestivo, o resultado da sobrecarga de glicose é a alteração da permeabilidade intestinal, que leva às inflamações – muitas vezes, crônicas.
“Quando a gente fala de inflamação, a gente entende aquele corte que tem rubor, que tem dor e não é isso que acontece. É uma inflamação silenciosa ao longo dos anos”, explica a nutricionista e professora do Puravida Prime, Alessandra Feltre.
Pesquisadores do Korea Food Research Institute realizaram experimentos*(C) em camundongos e concluíram que o excesso de açúcar também está diretamente ligado à endotoxemia metabólica, gordura no fígado e obesidade.
Momentos críticos
Descendente de italianos e gregos, a pesquisadora em saúde Bruna Fabris mantém as memórias afetivas vivas no prato. Adepta do estilo de vida saudável, Bruna aprendeu – na prática, com uma dose extra de informação aliada à auto observação – como dosar as porções de massa, que sempre vêm acompanhadas de uma proteína, responsável pelos nutrientes e sensação prolongada de saciedade.
Para a pesquisadora, outra descoberta fundamental para a manutenção da dieta equilibrada é a identificação do que ela chama de momentos críticos. Como quando, depois de um dia estressante, em meio ao cansaço extremo, surge o desejo por doce como uma espécie de compensação pela carga mental envolvida na rotina.
“Qualquer pessoa pode treinar o seu foco. Quando a gente faz a escolha e a gente muda a mentalidade do foco, no sentido de “eu vou escolher o que é melhor para mim”, é diferente de “eu vou me privar de um doce, porque eu não posso comer o chocolate”. Eu estou escolhendo o que é melhor para mim”, resume.
Fome emocional
O doce pelo doce pode ser o reflexo do que os especialistas classificam como fome emocional, que é o impulso de comer motivado por emoções como a tristeza, frustração e ansiedade.
Segundo a nutricionista e também professora do Puravida Prime Roberta Carbonari, uma forma de escapar dessa armadilha é parar e olhar para o que você está sentindo e, depois de reconhecer se a fome é fisiológica ou motivada por um gatilho emocional, agir de maneira racional.
“Se você está cansada, merece descanso. Se você está irritada, merece paz. E não substituir. É importante a gente sentar com esses sentimentos. O que eu estou sentindo aqui, na verdade, não é vontade de brigadeiro, não é vontade com nome, sobrenome. Se eu estou sentindo cansaço que resolve, o meu cansaço é descansar”, define.
Planejar, planejar e planejar
Para não entrar no labirinto das más escolhas, a dica da professora do Puravida Prime, Alessandra Feltre, é buscar na sua geladeira ou despensa os alimentos que você gosta e que geram saciedade. Para isso, a sugestão começa um passo antes, no momento da compra dos ingredientes e alimentos.
- Seja seletivo no supermercado;
- Compre frutas frescas, vegetais e legumes;
- Deixe tudo limpo e semi-pronto para consumo;
- Invista em refeições completas, em que haja, pelo menos, uma fonte de proteína;
- Não espere para preparar sua refeição quando estiver com fome;
- Lembre do que levou você a escolher um estilo de vida saudável.
Bom lembrar
Apesar do impacto negativo do excesso de açúcar no organismo, os doces não estão vetados da dieta. Muito pelo contrário: a restrição é que deve ser evitada. “Os pães e massas podem, sim, estar presentes de uma forma adequada e equilibrada, sem que a gente tenha essa restrição exagerada, extrema. Conseguir saborear de tudo um pouco ajuda a manter um equilíbrio metabólico, sempre muito importante. Isso também gera uma saciedade mental”, recomenda Alessandra Feltre.
Você pode gostar
-
Especialista destaca atividades físicas que eliminam o estresse rapidamente
-
Bem-Viver: Encontrando Equilíbrio e Excelência no Caminho do Meio
-
Treinar um braço e fortalecer o outro. Pode isso?
-
Como ficar forte depois dos 60
-
Fazer cardio atrapalha ou ajuda no ganho de massa muscular? Descubra o segredo para maximizar seus resultados na academia