Mais uma vitória para Marina Dias na Copa do Mundo de Paraescalada. A paratleta de Taubaté, São Paulo, garantiu mais uma medalha no circuito mundial da modalidade e desponta como grande favorita para o Campeonato Mundial de Paraeascalada.
A atleta, que sofre de Esclerose Múltipla, competiu mais uma vez na categoria RP3 Feminina, para pessoas com comprometimento leve da força muscular e/ou alcance, em pelo menos um dos membros, na etapa sediada em Innsbruck, na Áustria.
Durante as qualificatórias, disputadas na segunda (12/06), Marina terminou na segunda colocação, atrás apenas da holandesa Cristiane Luttikhuizen. As duas foram as únicas a fazerem Top em uma das vias desta fase.
Nas finais desta terça (13/06), Marina foi a terceira a escalar. Escalando de forma fluída e confiante, alcançou a agarra 39, assumindo a liderança e garantindo a medalha de prata. Apenas Christiane poderia superá-la. A holandesa escalou na sequência e não conseguiu superar a brasileira, terminando com o score de 36+.
Com a vitória, Marina conquista sua terceira medalha de Ouro no circuito da Copa do Mundo e sua quarta medalha no total. O primeiro ouro veio na sua primeira competição internacional, na etapa de Salt Lake City (EUA) em 2022. No mesmo ano Marina ainda conquistou a medalha de Bronze na etapa disputada em Innsbruck (AUT). Este ano, a paratleta repetiu o primeiro lugar na etapa de Salt Lake City e melhorou seu resultado em Innsbruck, conquistando mais um Ouro.
Marina ainda irá participar de mais uma etapa da Copa do Mundo de Paraescalada, na cidade suíça de Villars, de 23 a 24 de junho, antes de sua estreia no Campeonato Mundial de Paraescalada 2023, que acontecerá em Berna, na Suíça, no mês de agosto.
Brasil volta ao Mundial de Paraescalada
Depois de um hiato de 3 edições, o Brasil voltará a ter representantes no Campeonato Mundial de Paraescalada. Realizado a cada 2 anos, a última vez em que o Brasil participou do evento foi em 2014, com o paratleta Raphael Nishimura, hoje presidente da Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE).
Para 2023, além da estreia de Marina Dias, o Brasil irá contar com mais outros 2 paratletas estreantes no masculino, formando a maior delegação da paraescalada brasileira em um único evento.
Luciano Frazão, de Brasília, representará o país na categoria AL2, para atletas com amputação ou limitação severa dos membros inferiores, e Leonardo Vilha, de Curitiba, competirá na categoria AU3 Masculino, para atletas com comprometimento das mãos.
Para esta edição a ABEE irá apoiar financeiramente, pela primeira vez, atletas da Paraescalada. Marina Dias e Luciano Frazão terão parte das suas despesas de viagem custeadas pela ABEE. Mesmo com a ajuda, os dois, assim como Leonardo, ainda necessitam captar mais recursos e estão promovendo uma “vaquinha” virtual em conjunto.
Marina Dias
Marina Dias é natural da cidade de Taubaté, São Paulo, e tem 39 anos. Professora universitária, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2009, doença que causou um comprometimento da força e coordenação do lado esquerdo do seu corpo.
Em 2018, começou a escalar e encontrou no esporte uma forma de manter um estilo de vida saudável, que tem garantido uma rotina com poucos surtos da doença, juntamente com o tratamento que retomou em 2020, após sua última crise.
Foi também em 2020 que Marina participou da sua primeira competição de Paraescalada, no Campeonato Brasileiro da categoria. Desde então tem competido em todas as edições do brasileiro da modalidade.
Paraescalada
A Paraescalada tem crescido no mundo com o fomento da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC). Inicialmente a IFSC promovia apenas com o Campeonato Mundial a cada 2 anos, mas, desde 2021 a modalidade ganhou um circuito de competições: a Copa do Mundo de Paraescalada.
Na Paraescalada os atletas são divididos em classes esportivas de acordo com o tipo de limitação que apresentam. Eles são classificados nestas classes após passarem por avaliação médica. São 4 classes distintas, com subdivisões segundo o grau de severidade das limitações: a classe B é para atletas com limitação visual; a classe AL para atletas com amputação ou limitação severa dos membros inferiores; AU para atletas com amputação ou limitação severa dos membros superiores; e RP para atletas com comprometimento de força ou alcance em quaisquer dos membros.
A IFSC tem trabalhado intensamente para incluir a Paraescalada nos Jogos Paralímpicos de 2028 em Los Angeles. A decisão final do comitê organizador dos jogos será no final de 2023, e deve escolher apenas entre 2 paradesportos: a Paraescalada e o Parasurf.
A Paraescalada ainda é uma modalidade em desenvolvimento no Brasil. Mesmo com poucos atletas competindo no país, a ABEE mantém ativo o Campeonato Brasileiro para a categoria desde 2014, onde os atletas competem com isenção de pagamento de filiação e inscrição. Por ainda não fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos, a ABEE não recebe recursos do Comitê Paralímpico Brasileiro para investir exclusivamente na Paraescalada, mas, já tem conversado com a entidade para buscar formas de fomentar a modalidade e financiar os paraescaladores brasileiros.
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