A lutadora brasileira Cris Cyborg recebeu uma isenção retroativo para uso terapêutico de espironolactona, substância proibida no código da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), como parte de um tratamento médico pelo qual está passando, e foi liberada pela Agência Antidoping dos EUA (USADA, na sigla em inglês), órgão responsável pelo controle antidopagem no UFC, da potencial violação da política antidoping anunciada em 22 de dezembro de 2016. O anúncio foi feito pela própria USADA nesta sexta-feira. Com isso, a atleta peso-pena está liberada para retornar ao octógono do Ultimate.
Cyborg, 31, foi flagrada com a substância espironolactona, incluída na categoria “Diuréticos e Agentes Mascarantes” na lista da Wada, em um exame antidoping realizado fora de período de competição, em 5 de dezembro de 2016. Ela imediatamente identificou a presença da substância num medicamento prescrito por sua médica num tratamento para uma desordem endócrina, cooperou com a investigação da USADA, concedeu seu histórico médico e também colocou seus médicos à disposição da organização para esclarecimentos.
Segundo comunicado da USADA, a entidade aceitou e comprovou a explicação de Cyborg, de que seu uso de espironolactona começou no final de setembro, após sua luta no UFC Brasília contra Lina Lansberg, e que esse uso estava de acordo com as recomendações de sua doutora no tratamento de uma condição médica legítima. Porém, para usar a substância, a brasileira precisaria de uma isenção para uso terapêutico (TUE, na sigla em inglês), e ela pediu uma isenção retroativa, algo previsto na política antidoping do UFC. O comunicado da USADA explica que cada pedido de TUE é analisado por uma comissão específica, e que o pedido de Cyborg foi aceito porque “a atleta tinha uma condição médica crônica diagnosticada de forma inequívoca, para a qual o uso de espironolactona é o tratamento indicado”. Além disso, foi determinado que a atleta e sua equipe médica “buscaram e esgotaram todas as alternativas não proibidas”, e que a dose baixa do medicamento era apropriada para o tratamento e não resultaria em benefício para aumento de performance.
A lutadora comemorou a decisão em post publicado poucos minutos mais tarde. “Estou extremamente feliz que a USADA gastou tempo para rever cuidadosamente a aplicação detalhada para TUE que eu submeti, e concordou que meu uso da prescrição sempre foi justificado medicamente. Estou ansiosa para retornar ao octógono o mais breve possível, e provar que sou a campeã peso por peso do MMA feminino. Também gostaria de agradecer aos meus fãs pelo seu apoio contínuo, que tornou uma época muito difícil um pouco mais fácil para mim”, escreveu Cyborg nas suas redes sociais.
ENTENDA O CASO
Cris Cyborg é considerada por muitos a melhor lutadora de MMA do mundo na atualidade. Com um cartel de 17 vitórias, uma derrota e um “No Contest” (luta sem resultado), a brasileira é a atual campeã linear dos pesos-penas (até 65,8kg) do Invicta FC, evento exclusivamente feminino. Ela estreou no UFC no ano passado, em duas lutas em peso-casado de 63,5kg, porque a organização ainda não tinha sua categoria disponível para mulheres. O corte de peso para a sua última luta, contudo, a deixou severamente debilitada, o que levou Cyborg a buscar um tratamento médico – ela declarou que os médicos não conseguiam sequer tirar seu sangue, porque estava muito ralo – e a declarar que só voltaria a lutar pelo Ultimate se fosse no peso-pena.
No último sábado, a companhia colocou o cinturão inaugural do peso-pena feminino em disputa entre Germaine de Randamie e Holly Holm; Cyborg alegou que negou a oferta de lutar contra uma das duas porque precisava de mais tempo de recuperação, devido ao tratamento médico. Em 22 de dezembro, ela foi notificada da potencial violação de doping e suspensa provisoriamente. Durante o UFC 208 do último fim de semana, porém, o presidente do UFC, Dana White, já havia declarado que acreditava que o caso teria um fim positivo para a lutadora brasileira. Agora, a expectativa é que ela enfrente Germaine, que se sagrou campeã ao vencer Holm por pontos, numa futura disputa de cinturão.
Fonte – combate