Por impactar diretamente a prevenção de lesões e a qualidade da performance nos exercícios, a escolha do calçado ideal é uma etapa fundamental para quem pratica alguma atividade física. De acordo com especialistas, o primeiro passo para fazer a opção correta é entender que não existe uma receita única e que o tipo de calçado mais adequado irá variar de acordo com as exigências de cada modalidade.
Na opinião do treinador da Smart Fit Bruno Silva, a falta desse entendimento é uma das principais causas de erros comumente observados nas academias. Exemplo disso é, segundo ele, o fato de muitos alunos ainda acreditarem que os tênis voltados para exercícios aeróbicos como a corrida também são as melhores opções para os trabalhos de musculação.
“Os calçados voltados para treinos aeróbicos tendem a possuir solas mais grossas e onduladas, característica que, quando falamos de treino de força, pode afetar o equilíbrio do aluno. Por isso, para esses trabalhos recomenda-se solados retos” afirmou o treinador, acrescentando que modelos que proporcionam a sensação dos pés mais soltos e próximos ao chão trazem mais força e equilíbrio.
A busca por esse maior contato com o solo em exercícios cujo equilíbrio é premissa indispensável, como o agachamento livre e o leg press, tem, inclusive, impulsionado uma tendência cada vez mais disseminada por influenciadores fitness nas redes sociais: os treinos descalços.
Médico do Time Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e Tokyo 2020 e especialista em medicina esportiva, Warlindo Carneiro expressa preocupações em relação à tendência por considerá-la temerária em uma série de aspectos.
“Em primeiro lugar, ao optar por treinar descalço, o praticamente fica mais exposto a possíveis acidentes. Embora os calçados não blindem o impacto causado pela queda de um peso ou até de um tropeção, eles certamente diminuem os danos”, introduziu Carneiro, antes de complementar com um aspecto mais técnico.
“Além disso, o treinamento bare foot também pode trazer lesões por falta de adaptabilidade. Costumo dizer que quem está habituado a treinar calçado precisa fazer uma transição gradual que pode durar até seis meses. Lembro, por exemplo, quando alguns tênis minimalistas foram colocados no mercado para tentar mimetizar a sensação dos pés descalços. A ideia era não ter drop, ou seja, não ter diferença entre as partes superior e anterior do calçado. E, mesmo contando com uma camada de borracha que minimizava o impacto, aqueles que utilizaram na época acabaram tendo muito desconforto, em especial na parte anterior das pernas”.
Por fim, o médico acrescentou que a necessidade de buscar calçados mais planos e estáveis não elimina a importância de um sistema de amortecimento. De modo que, o que diferencia os tênis de musculação para aqueles voltados para a corrida, por exemplo, é a rigidez deste sistema.
Box de encerramento – Grandes marcas possuem linhas específicas para a musculação
As características apontadas por Bruno Silva e Warlindo Carneiro podem ser encontradas nas linhas de musculação de algumas das principais marcas do mercado de calçados. Mesmo que variem de acordo com o design e as tecnologias específicas, todos estes produtos possuem em comum algumas características bastante marcantes. São elas:
- Solado baixo, fino e reto
- Suporte para o médio pé
- Maior rigidez
- Suporte lateral reforçado e cadarço resistente
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