Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos tendo como uma de suas principais metas a de expulsar os imigrantes ilegais do país – o que poderia até respingar em boa parte dos imigrantes que até têm o visto para morar por lá. Neste sábado, porém, ele verá justamente um ex-imigrante ilegal lutando cheio de prestígio no UFC, um evento ‘amigo’, que apoiou bastante a sua eleição.
Glover Teixeira ainda é um dos grandes nomes da categoria dos meio-pesados e chegou até a disputar e perder o cinturão para Jon Jones em um passado recente. Voltando mais a história, porém, ele tem no ‘currículo’ a vida como imigrante ilegal nos EUA.
A história começa em 1999, quando, aos 20 anos, Glover decidiu que tentaria viver o sonho americano, trocando sua Sobrália, de pouco menos de seis mil habitantes, pelos dólares estadunidenses. Para isso, realizou a travessia por Tijuana, no México, com a ajuda dos chamados “coiotes”.
De Sobrália, Glover voou para a Colômbia. De lá, foi de barco para Guatemala, de onde partiria para o México, com a companhia de outros brasileiros, que também fariam a travessia. Se tudo corresse bem, a parada final seria em Danbury, Connecticut, do outo lado dos Estados Unidos. O investimento? Mais de 8 mil dólares.
Para conseguir pagar o que já havia gasto, Glover precisaria trabalhar dois anos. Atuaria no setor de construção civil, mas o destino mudou seus planos. Primeiro, o transformou em jardineiro. Mais tarde, o apresentou ao boxe e ao jiu-jitsu, que o transformariam em lutador. A estreia veio em julho de 2002.
O resultado da primeira luta como profissional não foi o esperado. Diante de Eric Schwartz, no World Extreme Cagefighting – mesmo evento que consagrou José Aldo -, Glover foi nocauteado no segundo round. Seu desempenho, porém, chamou a atenção de Chuck Liddell, astro do UFC. E tudo mudaria mais uma vez.
Os treinamentos com o ex-campeão dos meio-pesados da maior organização de MMA do mundo colocaram Glover em outro patamar. Nos Estados Unidos, o lutador faria mais oito combates e perdeu apenas um, em março de 2005, até que sua ascendente carreira no exterior fosse interrompida.
Sem o ‘green card’, visto permanente de imigração nos Estados Unidos, o brasileiro não poderia assinar com o UFC e teve que retornar em 2009. Em seu país natal, o lutador seguiu lutando e foi empilhando adversários: foram dez vitórias consecutivas e três anos de espera. Em 2012, enfim, Glover chegou ao UFC.
O curioso é que agora ele vai lutar justamente em Nova York, estado onde Donald Trump nasceu. E pode até ser um belo exemplo para um futuro sem muros nos Estados Unidos.
Fonte: ESPN